Muda cenário da força de trabalho, e cresce procura por empregada doméstica

As condições econômicas favoráveis e os altos níveis de emprego e renda estão mudando os hábitos da força de trabalho brasileira. Nos últimos 2 anos, diminuiu o número de empregadas domésticas no Brasil. Elas estão indo para o comércio, de olho em salários melhores e em chances de crescimento profissional.

Em 2009, dos 91,4 milhões de trabalhadores brasileiros, 7,2 milhões estavam em serviços domésticos (7,8% do total). Os dados estão na Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2011, porém, houve um recuo. Dos 92,5 milhões dos trabalhadores na ativa, 6,7 milhões eram responsáveis por tarefas da casa (7,1% do total).

À Agência Brasil, o cientista político Renato Meirelles afirma que em um País como o Brasil, onde empresas “estão caçando mão de obra a todo tempo”, é mais fácil conseguir um emprego com “chances de carreira”, causando uma evasão do serviço doméstico.

Geralmente, essas mulheres trocam a rotina doméstica por vagas de balconista e garçonetes. Buscam evoluir na carreira profissional. Essa “fuga” para outras áreas dificulta a procura por domésticas e aumenta o valor de seu serviço, explica o cientista político. Hoje há mais gente disposta a pagar por uma empregada do que pessoas querendo trabalhar na área.

Entre 2009 e 2011, houve também um aumento no número de empregados não domésticos — pessoas que trabalham na indústria, comércio, setor de serviços, construção civil, entre outros. A pesquisa mostra que 59% das pessoas ocupadas no Brasil eram empregados não domésticos em 2009. Dois anos depois, esse grupo subiu para 61,3%.

Procura cresceu porque comércio, construção civil e o setor de serviços ampliaram vagas para mulheres

O levantamento mostra que a migração de trabalhadores domésticos para outros setores atinge principalmente as mulheres, o que se deve a uma mudança de perfil, explica Meirelles. Segundo ele, a filha da doméstica está estudando mais do que a sua mãe, e ela não quer mais ser empregada nesta área. Não que ela tenha vergonha da tarefa, mas é porque o emprego doméstico não oferece oportunidade de ascensão profissional.

Maioria no serviço doméstico do País, as mulheres representavam, em 2009, 17% do mercado de trabalho feminino brasileiro, com 6,7 milhões de assalariadas na área, passando para 6,1 milhões em 2011 — 15,6% do número de mulheres com alguma ocupação.

Os segmentos que “absorvem” as domésticas são o comércio, a construção civil e o setor de serviços. Vagas em grandes empresas nas quais a limpeza é terceirizada são ocupadas pelas domésticas. Outro setor que apresentou crescimento e diminuiu o número de os trabalhadores domésticos foi o das pessoas que trabalham por conta própria.